INTERROGAÇÃO
não sei teu nome,
não sei o que fazes,
não sei com quem andas,
não sei nada a teu respeito...
minha curiosidade me mata
porque tenho necessidade
de saber quem és,
de saber o que pensar,
de saber o que fazes,
de saber o que falas,
de saber o que sentes,
de saber tuas máscaras...
mas eu só tenho um rosto...
um rosto e um corpo
exteriores à você
e que passeiam por mim...
não posso dizer que você não me veja...
não... isso não é verdade...
nossos olhares se cruzam
constrangidos, querendo fugir...
não posso negar
que sinto desejo
e vontade de beijar
e vontade de amar...
por isso meu olhar me trai
cada vez que meus olhos
se cruzam com os teus...
penso em fugir...
mas você? não sei o que sentes
e nem, tão pouco, o que pensas...
não sei porque me olha
pois acho que não me vês...
mas se não me vês
por que toda hora que olho para ti
vejo teus olhos sobre mim
na mesma interrogação de quando te olho?
não sei e não sei
e esse não saber me irrita
pois temos possibilidades...
temos desejos...
mas não sei teu nome,
não sei o que pensas,
não sei o que sentes,
não sei o que queres...
só posso falar por mim,
pois sei o que penso,
sei o que sinto,
sei o que quero...
penso em você,
desejo você,
quero você
nesse jogo cruzado do abismo que nos separa...