Nossos filhos
Ontem vi você nascer,
Foi sem dúvida um florescer,
Aqui neste agreste cerrado.
Hoje vejo você crescida,
Tal qual uma roseira florida.
Com este seu gingado
Que mais parece um bailado
Percebo que cativou um beija-flor.
Este pássaro dourado
Que mais parece um gigante bronzeado
Que pousou na madrugada
Desta fria alvorada
Pra fazer o seu ninho.
As palavras e os gravetos
Fortes e sem preconceitos,
Foram aflorando
E o tempo passando...
Passando...
E passando.
Você ficou como a lua
Grávida e nua.
A caminhar pelas ruas
Cantarolando
Gerando
Construindo
Lapidando
Este, que já é mais que um fruto
Que iremos ninar,
E sempre cultivar e acolher,
Pra depois sem sofrer deixar voar.
Flutuar, entre vales e verdes montes.
Assim, será sempre primavera em meus olhos
E também nos seus
E também nos do beija-flor aflito,
Que voou e transportou,
O néctar da vida.
Agora, feliz e sorridente.
Como um menino valente,
Vejo lá nos confins do infinito
Onde faço verso e derramo meu grito,
Que é a estrela maior,
Deste mundo melhor
Que conheço e sei soletrar de cor.