Carta de Alforria


Livra-te dos grilhões que te prendem ao passado,
Será que não vês que agora tens a oportunidade
De viver tua própria vida, desfrutar da liberdade,
Nos braços de quem por décadas tem-te amado.

Desvencilha-te destas algemas e das correntes
Com que te manténs presa, como se destinada
A viver eternamente sem ser de verdade amada,
Prisioneira que te tornaste de tua própria mente.

Abandona de vez a senzala, olvida o pelourinho,
Não mais ouvirás o plangente canto da chibata
A fustigar teu corpo, acossada por Capitã da Mata,
Que te manteve presa, distante de nosso ninho.

Enfim sentirás, nestes novos tempos de alforria,
Teu corpo vergastado somente por meus beijos,
Tuas mãos presas por cinqüenta tons de desejos,
Que cantarei a teus ouvidos, em sussurros de poesia.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 08/10/2014
Reeditado em 02/09/2017
Código do texto: T4991638
Classificação de conteúdo: seguro