Angústia
Imersa em contos de vozes aveludadas,
mas que não sabem dizer meu nome,
piso um chão que jamais pisei antes.
Caminharei até me ver pronta para o fim ,
ou irei e me atirarei no oceano em que habitam as vozes
e as vezes que eu quis falar e não pude.
Estou em constante vigília,
meu próprio sono tem asco de mim.
Caminho só,
deserticamente só e espero um milagre.
Nunca soube as horas,
desde que saí nunca mais procurei por momentos que deixei em lidas distantes.
As vezes que eu disse que era pra ser diferente não me ouviram,
aliás jamais me ouviram.
Esse deserto é muito frio,
minhas lágrimas vão aplacar minha dor,
a dor vai fechar a ferida,
a ferida é bem maior que o corte.
Num medo crescente de sintomas de dor e fadiga,
eu não queria ter mais que uma voz,
agora nem preciso da minha voz,
ela nem quer sair.
Ela sai, mas sai indecifrável.
Indefinível,
indescritível.
Anormal,
sem precedentes.
Vazios,
espinhos,
marcas levadas por aflições em tempos de angústia,
onde eu estiver serão vivas.
Um dia serei livre,
e esse corte não será mais.
E essa dor não será mais.
As marcas não serão mais também.
Por hora é só isso que tenho, dores.
O corte.