Impressões Noturnas

E quando o dia partiu

ficou a mancha no horizonte

despertando nostalgias,

pintura esbelta de cores

então, foi silêncio e crepúsculo

e o firmamento escureceu,

azul marinho veludíneo

que de estrelas se preencheu.

E quando o dia partiu

esvoaçaram pássaros noturnos

quando soou o pio da coruja

que despertou grilos mandrujas

roubando a noite com criquilos

e o curiango de olhar soturno

com seus hábitos diuturnos

fez serenata com o urutau.

E quando o dia partiu

no céu a lua fez-se cheia,

no rio cantaram as sereias

e o marinheiro naufragou

e a água que o engoliu revolto

refletia olhares absortos

dos moços que viraram botos,

das lendas que a vovó contou.

E quando o dia partiu

despertou o poeta cancioneiro

dedilhando seu verso mateiro,

percorrendo as vagas do sertão

por onde a cantiga foi consolo

e um pirilampo alumiento

trazido pela lufada do vento

seu coração iluminou.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 08/10/2014
Código do texto: T4991356
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