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havia rolado uma treta
daquelas de muito sangue
de um ou outro
até trocar de gangue
de quebradas ampulhetas
de almas amputadas
de jovens que só queriam viver
& mais nada
um alerta corria pelos becos
não saiam na noite de sexta
e, eu, como sou besta
não dei ouvidos
era uma gata
que parecia valer
todos os sentidos
marcou comigo
num boteco que acho que nem existe mais
o Barrestal
entrei, e, de cara, já não curti
aquele ruído
de um Zeppelin cover
de guitarra com efeitos
espaciais
lunática, se dizia
(e me chamando
de guri)
frequentava o recinto
porque as amigas do trampo
o achavam demais
nem sei como
tirei a guria de lá
mas, logo ao entrarmos
na Mateus Leme
lembro bem
que vimos os rivais
de mãos nas cabeças
às gerais
da PM
ela, mais ou menos
já sabia da encrenca
me puxou, enlouquecida
pro outro lado
como se quisesse fugir
dos anos noventa
na descida da Muricy
não sei onde
compramos uma vodca
e depois de um hot dog
do seu Joaquim, na Ruy
ela ficou meio ruim
começou a chorar
e dizer que aquele clima todo
estava a atrapalhando
para o vestibular
terminamos ali, mesmo
ela, levou a bebida
eu, disse
viva a sua vida
mas talvez eu te procure
quando você começar
a advogar
subi pro Lino's
e as coisas pareciam se acalmar
até que tivemos que nos virar
pois chegaram uns trinta
contra eu e seis mais
teve cadeira quebrada
caco de vidro
piada inacabada
tudo muito insano
(n'outro dia ela foi lá em casa
buscar ums discos dela
devolver uns meus
eu não estava lá
meu caderno sim
com todos os versos
ali de cima
e ela os leu
deixou um bilhete
dizendo que pena...
e que tudo comigo
foi uma grande viagem
me chamando de niilista
e exclamou que estava certa
pois não nasceu para ser
só personagem
e repetiu o
"tudo muito insano"
e eu repito o
"que pena"
pois a achava bem esperta
e já a via protagonista
de outros tantos poemas
& contos
curitibanos)
13/3/1997
havia rolado uma treta
daquelas de muito sangue
de um ou outro
até trocar de gangue
de quebradas ampulhetas
de almas amputadas
de jovens que só queriam viver
& mais nada
um alerta corria pelos becos
não saiam na noite de sexta
e, eu, como sou besta
não dei ouvidos
era uma gata
que parecia valer
todos os sentidos
marcou comigo
num boteco que acho que nem existe mais
o Barrestal
entrei, e, de cara, já não curti
aquele ruído
de um Zeppelin cover
de guitarra com efeitos
espaciais
lunática, se dizia
(e me chamando
de guri)
frequentava o recinto
porque as amigas do trampo
o achavam demais
nem sei como
tirei a guria de lá
mas, logo ao entrarmos
na Mateus Leme
lembro bem
que vimos os rivais
de mãos nas cabeças
às gerais
da PM
ela, mais ou menos
já sabia da encrenca
me puxou, enlouquecida
pro outro lado
como se quisesse fugir
dos anos noventa
na descida da Muricy
não sei onde
compramos uma vodca
e depois de um hot dog
do seu Joaquim, na Ruy
ela ficou meio ruim
começou a chorar
e dizer que aquele clima todo
estava a atrapalhando
para o vestibular
terminamos ali, mesmo
ela, levou a bebida
eu, disse
viva a sua vida
mas talvez eu te procure
quando você começar
a advogar
subi pro Lino's
e as coisas pareciam se acalmar
até que tivemos que nos virar
pois chegaram uns trinta
contra eu e seis mais
teve cadeira quebrada
caco de vidro
piada inacabada
tudo muito insano
(n'outro dia ela foi lá em casa
buscar ums discos dela
devolver uns meus
eu não estava lá
meu caderno sim
com todos os versos
ali de cima
e ela os leu
deixou um bilhete
dizendo que pena...
e que tudo comigo
foi uma grande viagem
me chamando de niilista
e exclamou que estava certa
pois não nasceu para ser
só personagem
e repetiu o
"tudo muito insano"
e eu repito o
"que pena"
pois a achava bem esperta
e já a via protagonista
de outros tantos poemas
& contos
curitibanos)
13/3/1997