Noite

As noites tecem sonhos

Com a doçura que quem espera

Sonhos embriagados

Filhos loucos, rejeitados

Paridos do incesto

Entre a falta e a solidão.

Nos passos do peregrino

Que se perde na vastidão.

Um brinde a insanidade

De cada olhar perdido

Cada gesto sem sentido,

Do refúgio da quimera

No absurdo da espera,

Das horas mais cruéis

Nos pequenos palpites roubados

Dos delírios abandonados,

De quem foi e não voltou.

Que venha noite e cubra

A vida das coisas inúteis...

M S Nunes
Enviado por M S Nunes em 07/10/2014
Reeditado em 01/11/2015
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