Noite
As noites tecem sonhos
Com a doçura que quem espera
Sonhos embriagados
Filhos loucos, rejeitados
Paridos do incesto
Entre a falta e a solidão.
Nos passos do peregrino
Que se perde na vastidão.
Um brinde a insanidade
De cada olhar perdido
Cada gesto sem sentido,
Do refúgio da quimera
No absurdo da espera,
Das horas mais cruéis
Nos pequenos palpites roubados
Dos delírios abandonados,
De quem foi e não voltou.
Que venha noite e cubra
A vida das coisas inúteis...