QUANDO O OLHO MAREJAR

São Francisco, São Francisco,

vai chorando tuas mágoas

tuas nascentes secando,

mas que se há de fazer,

se o homem vai desmatando

e pondo fogo em tudo,

juro não vou ficar mudo

grito que arrebento o peito,

mas quero ver no teu leito

muita água ainda correr.

Quero ver-te a abrir caminho

matando a sede e a fome,

caudaloso, renitente,

mesmo contrariando o homem.

A ganância fraudulenta

nunca há de te vencer,

fauna e flora à ribeirinha

vão dar de sobreviver.

Quero navegar risonho

observando as carrancas,

as lavadeiras cantando

muito ainda hei de escutar,

quero seguir o teu curso

sonhando que dá no mar.

Vou içar as minhas velas

quando o olho marejar.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 07/10/2014
Código do texto: T4990321
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.