Nau sem rumo


Por tanto tempo, guiado por devaneios,
Singrei mares plácidos, mundo inteiro,
Inebriado por teu sabor, por teu cheiro,
Que sentia em teu ventre, em teus seios.

Perdi-me em meio às tantas tempestades
Que enfrentei por toda a vida, destemido,
Em busca do cais onde estivesse protegido
E pudesse desfrutar, enfim, da felicidade.

Sem dispor de qualquer bússola ou sextante,
A não ser minhas lembranças, sem prumo,
Os momentos que vivemos deram-me o rumo,
E me conduziram a teus braços, por instante.

Quando cheguei afinal a tão almejado porto,
Constato, ao exalar meu derradeiro estertor,
Valeu a pena buscar e sofrer por teu amor,
Mesmo que somente o desfrute após morto.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 06/10/2014
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