AS MIRAGENS DO INSTINTO
 
 
 
Ela se vê parada
Angustiada
As noções paradas
Na estada demorada
De um lugar
Que povoam aromas
E olhares bárbaros
Sobre o que lhe é caro
Voltar ao lar
Depois de vir
Deste lugar
Com fome de outros ninhos
Pássaro que voa
Ao longo de caminho
Descobre que
Não está sozinho
A lotação que chega
E o redor invadido
Seu corpo invadido
Perguntas feitas
Por querer vê-la
Dizendo
Qualquer coisa
Lábios carnudos
De sorriso falso
Volta-se ao luto
De ontem que vai voltar
Perde-se agora
Sentada nas horas
Que definem o tempo
Ela vinha sossegada
E um arteiro desperto
Contou o ato de horror
Encenado na calçada
Dois ou três vendidos
Roubavam uma vida
Humilhada e fraca
Ela desatou uma sombra
Pediu sua ajuda
Me acompanhe
Faça minha honra desejar
Nunca ir embora
Proteja minha sina
Depois acorde
Agora o banido
Dos seus feitos
Que foi antes um lorde
Perde as entradas
Do teatro que seria
Ela depois poderia
Tê-lo convidado
Mas a sombra
É só uma ilusão que passa
Não se percebe
Que se oferece
Um nome que ela não tinha
Ainda que parecesse
Uma menina
Mulher dos devaneios
Sua sombra a mim nunca veio
Uma poltrona acolhe
Um corpo desejado
Ela o vê caminhando
Sem a sombra que foi
A seu lado
Ofuscar o sol dos vencidos
Uma amigo é o conhecimento
Do abraço
Não há desejo
Nem segredo
Tudo ainda é escasso
Entre a cortina contida
De cegueira
na lotação dos olhos
Separados
Ela vê a imensidão
Ele dois castanhos lindos
Se indo sem dizer
Até mais...