PRESAS VENENOSAS

Dizem que a inspiração

é uma astuta serpente

que persiste à espreita

só para picar a gente.

Arma o bote, se ajeita,

fala muito mal da morte,

não aposta no futuro,

pois só pragueja a sorte.

Tal qual viajante estranho,

soturno, falso e errante,

faz venenosas estripulias

e num único rompante,

escreve sua tosca poesia,

blasfema como vil caipora,

e sem dizer adeus, tacanho,

escapa, sombrio, porta afora.

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