Anseios em meu peito

Por que choras amor meu

Se em vão arvoro-me em desejos

A jogar-te poesias loucas

Que naufragas

Antes que te cheguem

Ao cais?

Teu lamento

São marés que choram

Desesperados desejos em meu peito

Na lua que se faz minguante

Como teus olhos de maré vazante.

Por que choras amor meu

Se em um canto qualquer

Do teu quarto apagado

Largastes todas as nossas horas

De carinho

Nossos caminhos de palavras

E tantas esperanças

Arrastam-se em desencontradas vagas

Que desalinham

O perfeito de nós?

Retorna então teus caminhos, amor

Carinhos de mim

Anseios em meu peito

Te aguardam

Esta manhã

Que se arvora em noite de chuva

Até tu chegares amor

Com todo azul do mar em silêncio

Na volúpia da volta.