Inteirezas

Gosto do gosto do tempo

Quando aporta em minhas marés

E ri distraído

Das minhas inteirezas de mim.

Gosto do gosto do teu ousado retorno

Às minhas manhãs sozinhas de ti.

Teu gosto é o sabor

Das sílabas secretas

Que moram na ponta da tua língua

Molhada de mim.

Então diz-me que és tu, amor

De leve e aos poucos

A roubar-me o fôlego

Como quem brinca de poesia

Nos espaços abertos

Dos sentidos meus.

Diz-me que és tu

E abrirei os olhos

Como uma flor em teu peito

A escorrer de mansinho

Na ânsia

Do que somos nós.