POEMIX

eu quase desisti da vida

a vida não desistiu de mim

me catou do barro

de lá do fundo do poço

me soprou e disse:

ei seu moço,

acorda pra mim aí!

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não sei onde

mas aqui é meu lugar

esse entrespaço em branco

atravessado por uma saraivada

de baletras

não sei onde

mas é aqui mesmo

que importa se aqui

não tem eira nem esmo?

sou um perdido

no meio das letras

de onde vivo

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apontei pra um lugar

com minha alma

você perguntou quando chegamos

nunca chegaremos

aquele é o lugar onde não vamos

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ZEN (VAGA)BU(N)DISMO

cada vez mais horríveis

as ótimas situações

pra trabalhar a paciência

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entre o aff e o ufa:

nesse jogo da vida

nada mais me debuffa

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conversamos

não tanto

não sei quem

falou o que

o que sei

é que nossos silêncios

se entendem bem

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desconversamos

e nada mais importa

o que esperar da vida

quando a minha vive morta?

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nunca chega o amanhã

o país do futuro

no tempo do salto da rã

que morreu

na seca

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próximas cenas

tomada branca

corte marrom menas

longa metragem

direção pequena

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DIGNO DE PENAVEGADOR

seja minha nova guia

me abra de novo

restaure aquele link

que eu tinha comigo

um dia eu vou

logar de novo

na sua vida

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JOGO DA VIDA

a roleta do acaso

gira números de dados

quando eu der start

quem será o player 2

que vai ficar do meu lado?

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o vento trouxe uma carta

lá dizia tudo bem

estou por aí

fique zen

antes da resposta

veio outra

dizia vem

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DESROTINA

Todo dia igual a todo dia. Fim de semana depende. Depende do vento, do tempo, da vida. Depende de quanto deu nos dados do acaso. Depende do fato do contrafato e de como me retrato ao retrato da parede. Depende apenas. Depende até de qual for a minha sede. Depende. Vai ser fim de semana mesmo? Ou outro recomeço?

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PERDIDOS [D]E[S]ACHADOS

perdeu o que não tinha

e procurou onde

não havia o que

procurar procurou

não achou nada

cujo porquê

era obrigado

(parece recuperada)

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[MEL]HORAS

[recu]o você

[pera] aí

[logo] está

[meu] bem melhoras

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escrever apenas

a penas

à penas

que importa

se a vontade não é pequena?

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vai caramba

olha ali

alá

levanta a buda

o importante é brigar

sem baixar a krishna

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me hoje

eu te amanhã

nós outros dias

anos que vem

anos que vão

eras dependendo

de uma decisão natal

de 3 minutos ou nada

Dija Darkdija

BÔNUS

COMPLETO DESENGANO

O cel tocou do nada. Abaixou o volume do pc. Atendeu.

- Alô?

- Alô... ... ... Tio...? ... ....

- Quem é?

- Tio...? Eu... eu ... morrendo, tio...

- Ahn? - percebeu que era uma criança. Não conhecia nenhuma, nem tinha irmãos. De uns tempos pra cá, nunca teve quase nada nem ninguém, melhor dizendo. A voz do outro lado estava baixa, quase inaudível. Aumentou o volume do celular, mesmo sem entender o que estava acontecendo. - Quem é???

- Sou eu, tio... eu tô morrendo...

- Pera, você tá sozinho? Não tem ninguém aí? Chama sua mãe! - Ficou apavorado (com razão). É estranho ouvir uma ligação do nada. É ainda mais estranho uma criança ligar por engano. Mas uma criança morrendo era realmente o toque de excentricidade que sua vida monótona precisava. Mas não precisava ser algo tão brutal. Não sabia o que estava acontecendo, e não tinha cabeça no momento pra entender, nem pôde pensar. Foi interrompido por uma tosse. Um acesso.

- Tio... - disse a voz fraca quando a tosse parou - não tem ninguém... me ajuda... tio... eu... eu tô morrendo, tio...

Sentiu um calafrio. Tentou engolir a saliva. Não havia nem uma gota à disposição.

- Eu... não sei o que fazer... eu nem sei onde você mora... eu nem sou seu rio...

- ... desculpa.... foi enga...

- Alô? Alô?!??!

....

Fechou lentamente o pc. Ficou o resto do dia ouvindo o silêncio do outro lado da linha.

Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 04/10/2014
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