Cansados de nós

O que tu és

Não me alcança

E retira-me o selo

Do beijo sonhado

Pela mão de outrem.

O que te sou

Não me desnuda

E emudece

Ante o fio das palavras

Que não ousas dizer-me

No inquietante passar

De uma outra

Que em silêncio

Arde.

Morremos pois

Dentro das nossas poesias

Cálidas

Em estranho êxtase

De um sonho

Sem sono

Expostos

E cansados de nós

E dos nossos óbvios dias.