LÁGRIMAS

inerte, na estática total e

mais absoluta no eco de

todos os silêncios reunidos

da armadilha fatal do aprisionamento

mental e visceral de todos os sentidos

paralisados e acorrentados...

encaixotada nos ângulos

matemáticos dos 90 graus

de recesso absoluto

de todas as funções humanas

que movem as artérias musculares...

porca! literalmente porca

na sua cronometrada pocilga...

só as batidas coronárias se ouvem

no cubículo programado

para seu mijadouro de dor...

na fresta meios corpos aparecem

e só as lágrimas derretem...

pés que tocam, que pisam,

que provocam, que insinuam...

minhas faces pegam fogo,

incendeiam, latejam, se avermelham...

minhas lágrimas escorrem

e banham os pés que me pisam...

e nessa dor o delírio,

a fantasia, a satisfação

da outra metade do corpo

que racionalmente trabalha

no frescor das águas que escorrem...

porca visceralmente ignóbil

na sua inocência santificada...

na dor, totalmente sacrificada

em benefício do todo...

carline
Enviado por carline em 03/10/2014
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