SILÊNCIO

gritos,urros, desavenças...

discussões, ritmos dissonantes,

falas arranhadas, discussões quebradas...

é a trombeta que não para de chiar

e que torna meus ouvidos surdos...

desafinos gritantes que atordoam

o silêncio do mar profundo

que adormece em sonhos

e desperta no desespero...

me quedo no atordoante

simbilar de vozerios

que não param de gritar...

cadê o sono lubrificador

que tampam meus ouvidos

ensudercidos de insanidade?

minha voz não alcança

a balbúrdia do coro

que grita desvairada cada vez mais...

minha voz é a lágrima

silenciosa da paz, do sossego,

da esperança do silêncio

que nunca vem...

ameaças, palavrões, discórdias...

eu sonho e choro e me iludo

com o oceano profundo

que acalenta meus sonhos

dos desejos não realizados...

eu quedo, eu caio, eu rolo

de pedra em pedra

me ferindo na bagunça

incessante do atordoamento

ignóbil da gritaria universal...

as roldanas giram,

absorvendo escravos da miséria

barulhenta do gritar mais alto...

a máquina continua

potente na escalada mórbida

de potentes fracassados...

provar o que? para quem?

quero silêncio para adormerecer

na singeleza da gentileza

do meu sonho maior...

carline
Enviado por carline em 03/10/2014
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