SABORES E LUME DA SAUDADE

A casa nos fundos guardava as emoções.

Mãe, pai, filhos.

Na frente, havia o comércio,

para a sobrevivência da grande família.

O pai lutava contra a maré,

labuta insana para manter

a descendência em pé.

Não desanimava

(_meus filhos não puxarão enxada).

Aos herdeiros mais velhos,

primeiros na peleja,

ficaram belas histórias para contar.

As crianças brincavam no quintal,

não se davam conta

do tamanho de seus domínios.

Tudo era imenso.

No fogão à lenha, a mãe aquecia o lar,

sabores da eternidade.

Simples flores no jardim,

cores alegres e perfumes singelos.

Cercas de balaústres

deixavam vazar sonhos.

Mangueiras para subir

e jogar caroço lá de cima.

Alvorada tinha cantar de galos

no terreiro e na vizinhança.

O verde da horta e sabores

da terra vermelha ferro e aço,

no sangue e no braço.

À tardinha,

já na boca da noite,

vizinhos reuniam-se em frente às casas.

Conversas jogadas fora, arrancadas do coração.

Estrondosas gargalhadas e causos de assombração.

Pequenos não se misturavam com gente grande,

no pega-pega corriam noite em noite alta.

Postes apagados...

cortaram a luz!

Ficou apenas o lume da saudade.

Dalva Molina Mansano

03;10;2014

15:27

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 03/10/2014
Reeditado em 03/10/2014
Código do texto: T4986082
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