Inventário

Desfeitas as aparências

Juntei todas as minhas invisibilidades

Somadas, não dão um destino reescrito

Os nós desatados dos meandros mentais

Expostos

Não revelam meus laços e tramas

Mas o que transmito por um fio de esperança entretecida

Durante os dias velozes

As mãos calosas de meu entendimento

Escondem pérolas

Calcificadas pela busca de conhecimento

Que por não sabê-lo

Anseio possuir e não tê-lo

Não sei o que sou

Apenas que sou consciência

Com data de validade

Do tempo de não saber

O prazo dessa vaidade de ser

Sou igual a toda suavidade

Das sombras que me descansam

Antes de aquecer-me no calor

Da realidade que faz pulsar meu coração

Recolho minha ausência como se recolhe folhas de outono

Ajuntando-as em um monte de memórias

Incinerando-as,

Deixo a fumaça se esvair por entre os dedos do céu

A formar rostos de verdades reconhecíveis

Herança que me cabe

Ao peso de um amor impessoal

Faz-me sedento do sol no horizonte

Dourar minh´alma

Antes do anoitecer

Cobrir-me de estrelas

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 12/09/2005
Código do texto: T49859