Inventário
Desfeitas as aparências
Juntei todas as minhas invisibilidades
Somadas, não dão um destino reescrito
Os nós desatados dos meandros mentais
Expostos
Não revelam meus laços e tramas
Mas o que transmito por um fio de esperança entretecida
Durante os dias velozes
As mãos calosas de meu entendimento
Escondem pérolas
Calcificadas pela busca de conhecimento
Que por não sabê-lo
Anseio possuir e não tê-lo
Não sei o que sou
Apenas que sou consciência
Com data de validade
Do tempo de não saber
O prazo dessa vaidade de ser
Sou igual a toda suavidade
Das sombras que me descansam
Antes de aquecer-me no calor
Da realidade que faz pulsar meu coração
Recolho minha ausência como se recolhe folhas de outono
Ajuntando-as em um monte de memórias
Incinerando-as,
Deixo a fumaça se esvair por entre os dedos do céu
A formar rostos de verdades reconhecíveis
Herança que me cabe
Ao peso de um amor impessoal
Faz-me sedento do sol no horizonte
Dourar minh´alma
Antes do anoitecer
Cobrir-me de estrelas