Janeiro

Todo janeiro é igual.

Estendido nos rabiscos dos planos,

é a época escolhida para plantar sonhos

e devorar velhas esperanças.

É o aperto do gatilho, ilusão do novo,

Tosse de pedidos a esmo, é começo de janeiro.

É água no céu, na boca, no jornal,

é coisa do tempo o temporal.

Mato crescendo onde dá, entre os entulhos de janeiro

As estátuas na praia, bronzeadas,

rósea carne a envolver o coração,

Presságio do carnaval e estagnação

É dilúvio que vem de repente,

Em beijos lascivos com o asfalto quente.

E sobe um indisfarçável cheiro de janeiro.

Janeiro, janeiro, de boas novas nos acenos

Janeiro, devia se estender para o ano inteiro.

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 03/10/2014
Reeditado em 09/07/2018
Código do texto: T4985342
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.