ESTAÇÃO DAS SOMBRAS
Vou fazer poemas
do jeito que quiser.
Com palavras vagas,
vadias,
na sombra.
Com palavras amargas,
sem falsa doçura,
sem métrica,
sem rimas.
Vou cantar
em honra às putas,
aos bêbados,
aos estivadores
de costas lanhadas
pelo sol.
Vou fazer poemas
que não serão poemas:
serão escárnio,
mofa,
piada
com a cara
de quem se diz letrado.
E se ninguém tiver paciência
de ler os meus garranchos,
pelo menos terei gritado
de algum modo
diferente.
Vou gritar
berrar
aspergir tristeza
de um modo
diferente.
Vou fazer poemas
do jeito que quiser.
Com palavras vagas,
vadias,
na sombra.
Com palavras amargas,
sem falsa doçura,
sem métrica,
sem rimas.
Vou cantar
em honra às putas,
aos bêbados,
aos estivadores
de costas lanhadas
pelo sol.
Vou fazer poemas
que não serão poemas:
serão escárnio,
mofa,
piada
com a cara
de quem se diz letrado.
E se ninguém tiver paciência
de ler os meus garranchos,
pelo menos terei gritado
de algum modo
diferente.
Vou gritar
berrar
aspergir tristeza
de um modo
diferente.