RETAS

uma linha imaginária corta o espaço...

reta no ângulo geométrico de noventa graus...

seca, fria, inviolável no seu obtuso

raciocínio traumático e culposo....

gira o mundo e gira a vida

em trezentos e sessenta graus

que pedem a revisão do produto pronto...

mas o ângulo retilíneo segue reto

na sua decisão obtusa do não conserto....

musicalidade que se perde

no ar nebuloso do desejo....

as quedas acontecem de maneira

caminhadamente corretas nas estradas

que se bifurcam pedindo emendas...

mas a reta continua seu caminho

completamente surda aos apelos

advindos da orquestra imaginária...

os cometas cortam o espaço

procurando a matéria viva

para tocarem, cheirarem, sentirem

a existência humana indefinida,

amorfa, invisível, incolor

que procuram desesperadamente

no caminho dessa reta obtusa...

até quando o tempo continuará?

até quando a reta caminhará tão reta?

um movimento curvilíneo vivo

que amarre, dobre, enlace

a atmosfera que respira e sussurra

pela carne suspirante do toque...

Clamor! Fogo! Entranha!

retas reais e não imaginárias...

carline
Enviado por carline em 02/10/2014
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