Traje de bobo
Entrei na sala vestindo meu traje de bobo,
usando a máscara de sorriso falso e torpe,
olhei para todos e não vi um rosto,
manchas com olhos tortos,
cárceres de almas encolhidas,
lavados das verdades que os outros vomitam,
eles não tinham máscaras, eram o próprio descaso,
com cordas penduradas pelos braços,
um embrulho de papel,
manipuláveis, ajustáveis,
sentiria pena se eu fosse normal,
enquanto assistem e aplaudem a farsa do circo,
eu molho o pão no café e me abstenho dos risos,
vestindo meu traje usual.