caro leitor

(esse texto se deu na ocasião surreal em que eu virei livro e, não contente, escrevi uma poesia de introdução a ele[ou a mim]. aí está):

cuidado!

tudo o que você ler

poderá ser usado contra mim

e você

nada que está escrito aí

é novo

qualquer coisa pode ser encontrada

num pé de jabuticaba

ou num raio de sol que atravessa a janela

às 8h40

e decora a parede

não me venha com muita expectativa

a maior parte do livro

está em branco: é autobiográfica

e todo o restante já escrito nele

é variável [a página 3 pode ser

a página 5

dependendo

de onde você

lê]

em certas partes,

as palavras são vulcões,

transbordando todo o magma pulsante

do presente

em outras,

apenas borrões,

transmitindo a sujeira da rotina

dos dias futuros

no final

alguém dirá: "então não há nada que preste! não vou levá-lo"

e

é aí que se dá

o engano

a grande moral da história

é essa: não há

o livro é o que nós somos

não é possível consumi-lo

[a lógica capitalista

não o mantém]

e espero que você,caro leitor,

não seja mau educado a ponto de

negar sua existência.

Victor Pimentel
Enviado por Victor Pimentel em 01/10/2014
Código do texto: T4983942
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