Vigilante

Não te assustes,oh insopitável Narciso

Apenas te observo, mas nada te exijo

Me contento em ver-te, absorto na lida

Totalmente ignaro dessa pobre vida

Te vendo de longe não decifro teu rosto

Não sinto teu cheiro, tampouco o gosto

Do beijo não dado que ainda espero

Contemplo à distância lábios que quero

Que sina patética e sem fundamento

Viver almejando migalhas ao vento

Saber a verdade do desprezo iminente

Fingir um querer tão débil e demente

Digo a mim mesmo: - Que inútil porção

De afeto não dado à néscio coração!

Me juro esquecer-te, não mais te olhar

Fingir não te ver, simplesmente passar

Que ilusão! Que engodo cretino

Tal qual malcriação de menino

Os olhos não me obedecem

Olham pra ti, e me esquecem...

fabiana macedo
Enviado por fabiana macedo em 01/10/2014
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