Vigilante
Não te assustes,oh insopitável Narciso
Apenas te observo, mas nada te exijo
Me contento em ver-te, absorto na lida
Totalmente ignaro dessa pobre vida
Te vendo de longe não decifro teu rosto
Não sinto teu cheiro, tampouco o gosto
Do beijo não dado que ainda espero
Contemplo à distância lábios que quero
Que sina patética e sem fundamento
Viver almejando migalhas ao vento
Saber a verdade do desprezo iminente
Fingir um querer tão débil e demente
Digo a mim mesmo: - Que inútil porção
De afeto não dado à néscio coração!
Me juro esquecer-te, não mais te olhar
Fingir não te ver, simplesmente passar
Que ilusão! Que engodo cretino
Tal qual malcriação de menino
Os olhos não me obedecem
Olham pra ti, e me esquecem...