A projeção do meu desejo
liberto de um corpo abalado,
é dança que lambe a parede
na sombra do meu passado.

O ritmo em passos lentos
e a gravidade nas costas curvadas
hão de saltar movimentos
manobras na mente dissimuladas.

A festa que surge em imagem,
descontraída do velho cansaço,
é desenvoltura, pasmem!
Ar da graça do meu desembaraço.

O contraste da alegria com a cabeça baixa
é o mesmo do ousado com a falta de energia.
Que não se iludam os jovens na faixa!
Minha idade está longe, mas haja fantasia.

Ainda namoro um baile como se fosse ontem,
chamando meu par, confesso.
Ainda me restam lembranças que contem
da minha vida quem fui, gentil e nunca disperso.

Quem me vê neste arrasto simbólico
que o tempo tratou de envergar-me no passo,
pensa logo em algo bucólico
nunca na minha malícia que dribla o tempo e o espaço!

 
Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 01/10/2014
Código do texto: T4983258
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