Vitória



Foi-se embora a primavera da minha vida
Com ela os meus sonhos de infância!
Os poucos números da minha idade
Foram aumentando numa ordem crescente
E minha vida foi ficando cheia de gente,
Enquanto eu perdia as pessoas mais importantes!
A firmeza dos meus passos no chão da minha infância,
Agora, numa corda-bamba: balança!
A vida me apresentou novos tipos de amor,
E eu me chafurdei neles de corpo inteiro!
Como um lutador, deixava o burburinho da arena,
Tendo como troféu ora a dor ora prazer: valeu a pena!
Um nostálgico silêncio inundou minha alma hoje:
Agradável gosto de solidão; um desejo de calma
Invadiu todo o meu ser, descobri: envelheci!
Ainda, o brilho castanho de esperança em meus olhos,
O ar suave de alegria em meus lábios,
Um desejo de vida invadindo minh’alma, descobri:
A vida continua, há muita aventura ainda lá na rua!
Com uma diferença: sei muito mais agora...
Eu dou as cartas... não entro mais em canoa furada!


 
Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 01/10/2014
Código do texto: T4983002
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