LUTA

Quando nascemos, surgimos como seres alados. Olhamos o mundo com olhos

encantados. Uma flor é especial assim como cada ser humano é único.

Vamos crescendo e nos imbuindo de conhecimentos e cultura. Nossos

olhos começam a ficarem baços, nebulosos. Temos que fazer escolhas que

condigam com o ideal social se quisermos ser aceitos. Vamos nos

transformando em camelos reprimidos, sufocados, intimistas,

violentados pela moral que massacra a nossa essência. Um camelo que

quer satisfazer as expectativas da humanidade. Caminhamos e nos

deparamos com atalhos que nos chamam e nos mostram outros horizontes.

O camelo abre os olhos e de repente começa a surgir o leão. A segunda

metamorfose começa a acontecer. O grito preso na garganta começa a se

soltar. Os desejos e aquilo que somos começam a ressurgir potentes,

poderosos. Os atalhos nos fazem redescobrir nossa essência e não

queremos mais satisfazer projeções terceiras, mas a vontade do que

realmente somos. É a luta ferrenha entre o camelo e o leão que se

debatem para saber quem será o vencedor. E nessa luta surge novamente

a criança, a fusão desses dois lutadores. Ela compreende que para

emergirmos à luz outra vez é necessário primeiro que mergulhemos na

escuridão. É necessário que saibamos que somos o que somos,

independente do que querem que sejamos. E ela olha o mundo novamente

encantada, como se tudo fosse único, fosse agora, fosse mágico.

Primeiro titubeante, mas, aos poucos, segura e firme, porque com a

certeza de única e preciosa.

carline
Enviado por carline em 30/09/2014
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