JANELA ABERTA
Cedo, amor,
no horizonte surgiram as possibilidades,
povos, de branco trajados,
armaram acampamentos cercados por fogueiras
para que os lobos não esquecessem que o medo
é maior do que a fome quando a fome não vai além da carne.
Ao sul da aurora tiraram-lhe o ouro
ajudados por cavalos em músculos esculpidos,
ao norte da aurora desviaram as águas,
para que os povos sem riquezas
não gerassem sustento.
Cedo, amor,
anjos disfarçados de mendigos
dançavam bêbados sobre brasas
e ávidos pelas gotas do arco-íris caídas,
torciam átomos enquanto os homens
despreparados ignoravam até o visível.
Cedo, amor,
nos veremos, nos veremos
banhados pela calma, alva,
dos rios que passam pelas nossas almas,
e deparados com a síntese do infinito,
manteremos a janela aberta
recebendo as mensagens do amor solitário
por onde passa o meu desejo encantado no teu encalço.