MÍRACLES RESOLVE PASSEAR
 
 
Não para
Nada separa sua volúpia
A cadeia avulsa
Deixada de lado
Agora sua estrada
Tem mais endereços
Que antes podia contar
Desce as ruas
Todas as pessoas
Ainda nuas
Esperando o futuro
Ela sabia do muro
e quem estava em cima
vento assoviu de tempo
varre folhas
na calçada úmida
de alcool
as combustões
ultrapassam roupas
se aceitas
loucas seitas farão
brotar
o manto sexual
ela avista o homem
miúdo
prostrado ao lado
do muro
cabisbaixo por alguém
traído de preparo
usou coisas demais
pra se esconder
ela precisa deste
desespero
ante a precisão de esmero
desce de sua
alta velocidade
baixa as lúminas
azuis do farol
sem neblina
sorri menina
p’ro tolo encantado
abre os braços
deixa cair o cigarro
sobre pés em botas de couro
ela já estava pronta
segue afronta
fuma seu sabor
colhido de medo
ele ouve a orelha sendo
mordida
peguei sua coragem caída
vou leva-la comigo
uma voz de anjo
convence Sancho
a não lutar
mãos que tremiam
olhos esguios
interior faminto
pele de menino descascou
sobrou sereno
ela levou ele a taberna
dos amigos do seu corpo
trouxe outra esmola
que os céus sempre perdoam
p’ro infeno é um vicio
escrito logo na entrada
qualquer canto
desta sala seremos
enfeites  da ocasião
se mexendo
então desfaça
toda violência inimiga
o feiche desliza
até minha insígnia
tatuada que aponta
onde vou adormecer
o Deus dos cançados
e os santos do luto
viverá o homem que se quer
e tudo antes morre
vencido de mulher...