Sem amarras

Sou da palavra

Quando cala em tua boca

E arde em cada passo

Das tuas feridas

Abertas.

Sou do silêncio

Quando a maré esbraveja

Enfurecida de desejos

Carregada de memórias

Do tudo

Que não conseguistes viver.

Sou da tua aura

Aberta em cores sutis

A mais linda cor do encanto

Das poesias não escritas.

Das manhãs serenas

Que escorrem tranquilas

Enquanto ainda há orvalho

Nas pétalas das flores

Sou teu sol em desalinho.

Entre beijos agridoces

Sou dos teus gritos

E da tua voz macia

E rouca

Em meus ouvidos.

Sou tua ousadia

De sentidos...

Trago-te em mim

Sou parte do infinito não vivido

Ondas de mãos vazias

Sem as amarras de ti.