Minha existência
Eu sou escuro como a noite
E vazio como a solidão,
Meu coração tem dois vácuos enormes
Gerados pelos confins do açoite!
Sinto-me tão contrário a tudo
E tão oposto aos conformes:
De dia, fico mudo;
À noite, só desolação!
No inverno, inerte estou febril;
No verão, de frio estou tremendo...
Por mais espantoso ser e tão sombrio!
Meu peito já tão raso na imensidão
Deste mistério chamado existência,
Na confusão do não ser continua sendo
Nada! A vagar por entre o hemisfério
Da imperial descrença!
E com o fatal poder que ao munda dana,
Minha fé é um latente mistério
Que ao próprio Deus profana!