POEMA TORTO

Hoje fiz um poema de pepita.

É tão diáfano que parece lua,

é tão metálico que o ar crepita,

é tão quente que a carne encrua.

Hoje fiz um poema que flutua.

É tão rubro que a alma agita,

é mais vivo do que a pele nua,

é tão forte que o sol saltita.

É como água-furtada na calha,

é gotícula de cristal que brilha,

é como flor que o vento espalha,

e o chão de pétalas ladrilha.

É borboleta bordada em malha,

é o caminho do amor em trilha.

Alaide Santos
Enviado por Alaide Santos em 12/09/2005
Reeditado em 12/09/2005
Código do texto: T49775