POEMA TORTO
Hoje fiz um poema de pepita.
É tão diáfano que parece lua,
é tão metálico que o ar crepita,
é tão quente que a carne encrua.
Hoje fiz um poema que flutua.
É tão rubro que a alma agita,
é mais vivo do que a pele nua,
é tão forte que o sol saltita.
É como água-furtada na calha,
é gotícula de cristal que brilha,
é como flor que o vento espalha,
e o chão de pétalas ladrilha.
É borboleta bordada em malha,
é o caminho do amor em trilha.