ETERNIDADE
Nunca principio nem acabo
nada ou tudo, não importa,
porque principiar é estar no princípio
e acabar é estar no fim...
Estou no meio de tudo,
estou percorrendo tudo
bem no centro do ser,
no que se chama o eterno retorno...
Nunca luto contra o destino,
porque aceito a minha moira
sem nunca tentar ultrapassá-la,
já que não quero ser tragada...
A minha paciência é tudo,
meu controle espiritual é preciso
sem nada ter de racional
e tudo ter de emocional...
O silêncio fala demais,
muito mais que muitas palavras,
porque o silêncio é a própria solidão
e a solidão, a própria eternidade...
Por que lutar contra a fatalidade
se ao lutarmos podemos tombar?
O mais sábio é aceitá-la
e ajudá-la a cumprir seu destino...
A eternidade consiste nisso:
esperar, ter paciência,
atingir o vazio,
penetrar o nada...
Estou no meio de tudo
e percorro tudo do meio...
Muitos caminhos, muitos atalhos
sempre com a emoção do coração...
Mas de todos os caminhos e atalhos
nos quais, arrebatadoramente, percorri,
o que mais me fascinou
foi o caminho em busca de mim...
Quando eu própria me percorri,
a cada poro, a cada sangue,
a cada veia, a cada artéria,
a cada buraco da minha carne,
encontrei o centro das coisas,
o meio do mundo,
a resposta de mim,
aquilo que sou...
Encontrei o que tanto procurava,
que não é tocável nem visível,
que não é efêmero nem fugáz:
encontrei a eternidade...
Porque a eternidade
está no meio das coisas,
está no centro de mim,
sem nenhum significado...
Por isso, nunca principio nem acabo,
porque não sou começo nem fim,
mas, simplesmente, o meio,
o centro de mim eterno...