TELHADOS

Os telhados se quebraram...

Eram de vidro

e feriram meu coração...

Se espatifaram e se espalharam

ao vento, levados pela tempestade

avassaladora do frio

cortante e lascinante

que abafou o grito

não dado, preso na garganta...

Vidros que se transmutaram em lâminas

cortantes da esperança

e se transformaram em facas afiadas

da frustração e da humilhação...

Telhados quebrados

e vidros soltos se colaram ao meu corpo

caído e naufragado de fora de mim...

Salvação, misericórdia nos ventos

que simbilam como um chicote

e arrebemtam a minha alma

marcando, indelével, a minha essência...

Curvo-me na dor lascinante

da terrível descoberta

de procurar a compreensão

e a implosão de explodir

no êxtase calado

da vertigem fria e cruel...

Cadê o perdão, a redenção?

Cadê a piedade da tua atenção

no cuidado da proteção?

Os vidros são chibatas

que me cortam por inteira

enquanto me transformo

no centro sensitivo do nada...

Calco meus pés na lama

da flor que nasce

na sua glória e infinitude

dentro de um outro corpo

de uma outra alma...

Me dê seus olhos, suas mãos,

sua compreensão, sua compaixão...

Os vidros são cortantes

e me ferem e me sangram...

Mas a rigidez

se transforma em suavidade...

O chicote é a rosa

que me diz que te pertenço

nesse vidro que enterra em mim...

carline
Enviado por carline em 26/09/2014
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