TELHADOS
Os telhados se quebraram...
Eram de vidro
e feriram meu coração...
Se espatifaram e se espalharam
ao vento, levados pela tempestade
avassaladora do frio
cortante e lascinante
que abafou o grito
não dado, preso na garganta...
Vidros que se transmutaram em lâminas
cortantes da esperança
e se transformaram em facas afiadas
da frustração e da humilhação...
Telhados quebrados
e vidros soltos se colaram ao meu corpo
caído e naufragado de fora de mim...
Salvação, misericórdia nos ventos
que simbilam como um chicote
e arrebemtam a minha alma
marcando, indelével, a minha essência...
Curvo-me na dor lascinante
da terrível descoberta
de procurar a compreensão
e a implosão de explodir
no êxtase calado
da vertigem fria e cruel...
Cadê o perdão, a redenção?
Cadê a piedade da tua atenção
no cuidado da proteção?
Os vidros são chibatas
que me cortam por inteira
enquanto me transformo
no centro sensitivo do nada...
Calco meus pés na lama
da flor que nasce
na sua glória e infinitude
dentro de um outro corpo
de uma outra alma...
Me dê seus olhos, suas mãos,
sua compreensão, sua compaixão...
Os vidros são cortantes
e me ferem e me sangram...
Mas a rigidez
se transforma em suavidade...
O chicote é a rosa
que me diz que te pertenço
nesse vidro que enterra em mim...