PARA ANA CRISTINA CÉSAR
No tempo
Em que ela abalava coraçoes e mentes
Notabilizada pelos sons e sentidos
A vida pulsava
E nós nos perdíamos olhando o tempo
Admirados pela loucura lúcida
Com que ela enfrentava o cotidiano
Dos seus rascunhos
Saíam verdades, transgressões, desejos, paixões
Que revelavam um animal urbano
Se inserindo na vida
E desembaraçando a realidade
Num tempo em que se via
Tantos suicídios,
Tantas mortes por overdose
Tanto sofrimento
Bastava olhar o seu rosto
E reter na memória o azul mais lindo
Que Deus guardou somente para os seus olhos
E a tristeza ia embora
Linda, mística, anjo
No tempo em que ela existia
A vida trazia embutida
O paradoxo do delírio lúcido
E todos esperavam que o tempo
Fosse apenas a imaginação da realidade.