PARA ANA CRISTINA CÉSAR

No tempo

Em que ela abalava coraçoes e mentes

Notabilizada pelos sons e sentidos

A vida pulsava

E nós nos perdíamos olhando o tempo

Admirados pela loucura lúcida

Com que ela enfrentava o cotidiano

Dos seus rascunhos

Saíam verdades, transgressões, desejos, paixões

Que revelavam um animal urbano

Se inserindo na vida

E desembaraçando a realidade

Num tempo em que se via

Tantos suicídios,

Tantas mortes por overdose

Tanto sofrimento

Bastava olhar o seu rosto

E reter na memória o azul mais lindo

Que Deus guardou somente para os seus olhos

E a tristeza ia embora

Linda, mística, anjo

No tempo em que ela existia

A vida trazia embutida

O paradoxo do delírio lúcido

E todos esperavam que o tempo

Fosse apenas a imaginação da realidade.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 23/05/2007
Código do texto: T497687
Classificação de conteúdo: seguro