SEM LAMENTOS
(Sócrates Di Lima)
Não há lamentos,
Nas noites vazias,
Nem inquietamentos,
Nas madrugadas frias.
Não há lamentos,
Nas noites de chuvas,
Nem revoltos sentimentos,
Nas tardes turvas.
E quando o vento sopra,
em investidas contínuas na minha janela,
a solidão estupra,
a virgindade dos desejos dela.
E nas divagações que a saudade traz,
inunda o peito e transborda,
Derrama nos olhos o que a solidão faz,
Nas noites vazias que a ilusão borda.
Porquanto, o amor aflora,
Nas estradas do acaso,
e o destino incorpora,
Se veste de esperança num coração raso.
E tudo que nasce faz história,
Se duas almas se encontram no destino,
Sem os lamentos de passados gravados na memória,
Sem carregar as dores de amores de menino.
Os lamentos são sortilégios,
Das agurias de amores fracassados,
Mas tem seus privilegios,
Quando o amor renasce do inesperado.
Todo e qualquer lamento tem limites,
Para o amor não...
Nas asas da liberdade de amar resiste,
liberta e renasce em outro coração.
E assim a vida ressurge na poesia,
Onde os versos afagam a alma em sentimentos,
Fora dela, a realidade é o verbo da alegria,
Para viver novos tempos de amor sem lamentos.