O fogo de teu corpo


O fogo que de tuas entranhas emana
E me enreda em tuas teias inclemente,
Me subjuga e me devora, indecente,
Ao me degustar em tuas ceias insanas.

E me vejo envolvido por tuas chamas,
Linguas que meu corpo lambem, ávidas,
Enquanto persistes até o fim, impávida,
Ao te satisfazeres de mim, em tua trama.

Meu lenho, incontido, também se inflama,
E somente serve para ampliar teu desejo,
E deliro ao ser sorvido por teus beijos,
E me vejo ser consumido em nossa cama.

Autofágicos, ao tempo em que saboreias
Todo meu corpo, meu ser, meus lábios,
Eu também me delicio, afinal sou sábio,
Jamais deixaria de participar destas ceias.

E me entrego, afinal, atendo teu rogo,
Deixando-me envolver por tuas chamas,
Sinto-me levado ao paraíso quando clamas,
A revolver cinzas, reacendendo o fogo.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 24/09/2014
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T4974923
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