OS MESTRES DO CAOS

 
Deus disse ao diabo
Que seja teu fim
Entre meus iguais
Filhos do meu acaso
De solidão
Intempestiva
Que viva no deserto
Das almas impuras
Que conjuras
Pedem passagem
Ao cemitério
Do descanso eterno
Descem ao inferno
Tua morada
De alçapão petrificado
Do tempo legado
Pelo poder que quis ter
Mas houve uma vinda
A muito sabida
Outras eras contavam
Despertavam
Interesses
Das almas roubadas
De vida
Perdidas estavam
Todas que a ti
Regavam jejuavam
Criavam fome
Liberavam teu nome
A quatro ventos
Estéris desse encanto
Possuí um homem
De beleza formidável
Voz cativa
Destoava amável
Qualquer coisa que viva
E vive
Do nunca tive nada
Abri meu olhos
Do anil semblante
Que tua luz me deste
Curei a peste
Do teu abandono
No sono
Que tiveste depois de criar
Ainda dormes
Quando me fala
Que vou descer
Ao limbo famigerado
Dos espíritos criados
P’ra emoldurar
Tua obra
O que te fez desejar
Um mal ante a sobra
Derrubo as cobras
Com veneno
Quando adentra me expulsa
Te entregas em culpas
Aflinge um corpo
Já cansado
Amado pelos derrotados
Imersos de desejos
Que queriam teu mesmo
Enterraram-te depois
A esmo
Numa rocha secreta
Eu abro o fim
Devolvo a morte
O que deste a mim
Guardiã do interior
Das crianças possuídas de ti
Saio de novo iluminado
Pareço que subo
Mas te derrubo
Sendo meu pai
Pai do absurdo...