O mago das letras


Ela me alcunhou de mago das letras, um dia,
Quando me viu juntá-las e dispô-las em ordem,
Aplicando-lhes rimas, metrificando-as na desordem
Dos pensamentos e transformando-as em poesia.

Inebriado, eu transitava por cada um dos temas,
Bailava com ela nas rimas, ao vê-la à frente, nua,
Com reflexos em seu corpo iluminado pela luz da lua,
Inspirava-me sua presença que se fez meu lema.

E, destemido, cantei-a em poesias, assim, ao léu,
Julgando até que nem mesmo fosse uma quimera,
A perfeição do ventre coberto de flores na primavera,
Sucedânea a abrigá-lo no inverno, verdadeiro céu.

Hoje, minh´alma vazia divaga buscando a imagem
Que com ela se foi, deixando-me só, sem inspiração,
Já não mais sou o mago das letras, perdi a emoção,
Elas não mais me acompanham, falta-me coragem.

Quedo-me à janela de meu destino a lhe observar,
Passando distante de mim, com ares de indiferença,
À própria magia que fez de minha poesia uma crença,
Que não resistiu, existiu enquanto fenecia por a amar.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 22/09/2014
Reeditado em 23/09/2014
Código do texto: T4972493
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