REGRESSÃO
O passado se faz presente...
Sonho, devaneio, delírio gritam
no hoje, no agora, neste instante
onde castelos, masmorras e correntes se fazem
presentes... Roupas rasgadas no pano da vida
com correntes seguras em punhos e tornozelos...
Paredes fétidas, sujas e úmidas
e com um olhar a te olhar...
O chicote na mão, rígido e seguro
pronto a chiar, a bater, a acariciar...
Olhos baixos nas botas lustradas, brilhantes,
pretas como um espelho a refletir
os cabelos longos, desgrenhados a segurar
com força, com segurança, com rigidez...
Um cuspe! Saliva na fuça de cadela
presa e acorrentada por liberdade
com a possibilidade de tudo fazer...
Grito! Grito das entranhas!
Sem medo, com medo, com entrega...
Gritos que se transformam em gemidos
com o rasgar das vestes grudadas ao corpo
no suor escorrendo e arrepiando a pele!
O chicote cantando no ar e acariciando o corpo!
Arrepio! Frenezi! Êxtase!
O chicote faz amor despertando os sentidos
na dor e no prazer de ser tua!
Vem! Olha-me, devora-me
no ritual do canibalismo!
Nessa missa profana que me faz tua
e nesse grito verdadeiro que me transforma
simplesmente em um reflexo:
Reflexo da tua vontade!