POEMIX
me chamaram por aqui
quando voltei os olhos
acabei por me desvir
-------
batida maluca
funk aguiar
e o morango txutxuca
---------
ó.cio
venha a mim
não apenas em sua época
que toda época seja
ó.cio
e nos deitemos juntos
para fazer muito nada de mais
-----
macaxeira?
xeira sim
a dor do sertão
a dor da terra
ai [de] pim
------
disseram pra ele
faz um curso
pra fazer concurso
mudou o caminho
resolveu pedir recurso
------
apaguei
apaguei apenas
era tempo de apagar tudo
não destruí nada
só apaguei
apaguei de fechar os olhos
e tudo ficar escuro para deixar tudo claro
apaguei pra reacender a luz
e achar mais espaços em branco
-----
torcicolo:
é que meu tronco
criou raízes por você
-----
o que fez então
com que o destino se cumprisse?
o ouro do silêncio
ou as coisas
que eu te disse?
------
peguei as claves
notei em tom:
a partitura da vida
tava descompassada
------
pobre moça
acha que se livra de mim
com muito gelo
e duas doses de gim
nem sonha:
continuo grudado
na sua alma
---------
NUVEM
a almofada dos deuses
cansada de ser descanso
pegou um táxi de vento
-------
sobe uma mão
(a minha)
e nenhuma desce
nenhuma mão se junta
a outra mão
(sozinha)
pra agarrar a minha vida
------
silêncio
cale a boca
é minha vez
de falar
(esperar a resposta do eco
ou ser chamada de louca)
-------
vou sempre um passo atrás
não sei se pra contemplá-los
ou se é cautela de mais
------
SANDU- ISH...
pão
salsicha
tédio
alface
tédio
too much
pão
------------
raiou o dia e veio o sol
a poesia é de lua
nunca sabe quando vem
vem com o vento e o tempo
qualquer coisa ou ninguém?
-------
momentos elásticos
as pausas no tempo
são vidros ou plásticos?
----
aquela ali?
gata demais
só que tem
um único perfeito:
quase nunca mimimia
---------
REMOTIVACIONAIS
você é gordo,
me disseram.
um corpo enorme
provando ser maior
que as leseiras alheias.
você é corno,
te disseram.
na sua galhada
brotarão frutos da experiência.
tu é um poste,
disseram a ela.
mas ao menos
me deu uma luz.
você é tosco,
me disseram.
ao menos sou rústico.
sendo duro duro mais,
sendo grosso não quebro,
sendo um palito
cutuco melhor a concorrência.
você é louco, eles disseram.
e que bom
que a lou-cura
nos serve de remédio...
----
SENZELO
a moça
já alforriada dos desejos
se isauria por ele
vontade de ver seus dentes
(quem sabe acabar no tronco?)
e sonhar com o dia
de serem tão iguais quanto deveriam
-------
cansei das organizações
derrubei tudo
joguei umas ideias na parede
rasguei umas crenças
e descasquei um muro de lamentações
sobrou aquela bagunça de sempre
e um tapete com esses versos
"welcome to my headouse"
------
ponto ponto pronto
aumenta um
ou dá desconto?
--------
sua razão
tão mais ou menos
quanto a minha
acabou meio sozinha
nenhuma se deu vazão
resolveu virar rainha
de uhum
e nada não
----
ZEN [VAGA]BU[N]DISMO
des-aventurado é aquele
(coitado)
que anda no caminho
do meio
(parado)
--------
a vida lhe deu um banho-
maria
fez um pudim
quebrou o gelo
tomou a paranoia com
gosto
desceu redonda-
mente convicta
barriguda e cheia de si
mandou tudo água abaixo
descargou-se do ruim
-------
a paranoia
já era impará(noiá)vel
bola de neve des, aliás,
cemsgovernada
azar o dela:
a dona da bola era cabeça quente
cabeça quente e dura
torrou o saco da paranoia
arrumou um lugar ao sol
passou chapinha secador
e um tempo na frente do fogão
a paranoia agora
é um caldinho de gelo seco
reduzindo no fogo da vida
---------
MATUTANDO #1
as carta de amor é tudo besta. mai também num ia ser carta de amor se num fosse besta, né... na minha época eu até escrevi umas fulerage dessa de carta de amor. pense numa coisa besta... agora mais besta ainda é quem nunca escreveu uma coisa besta que nem essa tal de carta de amor cheia de besteira. rapai, e num era bom aquele tempo do ronca que eu escrevia essas carta de amor besta sem nem prestar atenção direito nos troço... no final das conta o que eu me alembro dessas catrevagem de carta de amor é que é besta que só a mulésta dos cachorro. e as palavra que arrente escreve e as coisa que sente escrevendo? aí é que é besta mermo!
---------
não preciso de olhos
meus pés veem por si
um caminho qualquer
uma pedra no meio da pedra
um caminho de barro batido
que um dia me enterre
------
influência de uns fluídos
um sinal de poesia
achada nos perdidos
-----
dobrar
dobrar
dobrar
talvez fluir
por uma via
até que o sinal vermelho sangue
me desamarele
--------
não é tempo de escrever
eu deus me uma pausa
em mim pra me rever
-----
prato do dia:
homlet
com milkshakespeare
nem só de ar-te
revive o nome
----------
quero alguma coisa
não sei o que
quero não sei
o que quero
e quero apenas
como se não soubesse
se quero ou não
devo ser doente de alguma coisa
talvez existe não sei que cura
ou alguma esperança
não sei se a quero ou não
-----
a vida foi ali
ver se eu tava na esquina
pra tomar minhas cores
(não era da conta dela
a dívida era comigo mesmo)
------
adotei um filme.
castrei as cenas tarde demais:
já tinha procriado trilogêmeos
------
presente de grego
um beijo no furico
pra fulano do rego
------
aconteceu um crime
a mulher se matou
com várias facadas
cortava muita carne
e poucos problemas
-------
STATUS DA INDIFERENÇA
discutir?
não tô afim
nem quero
prefiro só curtir
e chega de lero lero
----
resolvi fazer uma operação detox
três horas sem tecnologia
três minutos de silêncio
e três segundos (e meio)
sem olhar pra sua cara
dieta verde verdade
lanchar o que precisa ser (re)visto
(seja lá o que seja)
----
salvei o livro de mim
cortei os personagens
sobrou um possível final
e um conflito de viagens
vou fazer então
um livro de (re)inícios
--------
ainda é sábado
um dia de emenda
não sei se ouço babado
ou se é tudo parlenda
talvez o futuro sussurro
de outra semana
outro mundo
outra lenda
----
eu quase desisti da vida
a vida não desistiu de mim
me catou do barro
de lá do fundo do poço
me soprou e disse:
ei seu moço,
acorda pra mim aí!
Dija Darkdija