Dona das próprias vontades

Não queres o cuidado em regrar teus passos

nem minha liberdade em podar tuas asas...

Tua lei diz: "Sê dona do teu céu, teu chão".

São contraditórios __ o amor e a razão.

Enquanto houver chama, queres autonomia,

para espalhar-te em brasas no sidério espaço,

quebrar meus entraves, tão sempre relapsos.

Tens planos e planaltos em tua geografia...

Não queres estar entregue às minhas muletas

ou a vegetar inerme numa concha vazia

como fazem os vemes às margens da sarjeta.

Não nasceste bicho que, infeliz, rasteja

e, de cócoras, aceita o que pertence ao lixo.

("A tua natureza é a das borboletas").