Obliquidade
pelos anos dedicados
à incompreensão crescente de minha individualidade
eu agradeço à sua mão de ferro, à sua voz feroz, aos estralos compassados de seus grossos dedos
formando a harmonia de sons entre seus dentes
revivendo o passado
transformando-o em cíclico devir
lembro-me da impaciência facultada às lições de casa
à minha inaptidão com os números, com a lógica
crescendo como menina me afastei dos males
elencados pela sua educação rígida
feito maldição desgraçada neguei os prazeres
tão pertinentes aos jovens
entreguei meu corpo
fechado
ao primeiro que me ofereceu uma fagulha de carinho
as peças a que tanto esforço nos propomos atuar
pecam pela proximidade da vida palpável
aquilo que um dia foi real
nos volta como farsa
o eterno retorno