ANZOL
Recupero os sentidos
Logo após
Levar porrada
Já não sei
Se me equilibro
Aqui na beira
Da estrada
Vou seguindo
Meu caminho
Sem olhar a direção
Do vento
Vou seguindo, vou sozinho
Sem me preocupar com o tempo
Debaixo desse céu
Debaixo desse sol
No meio deste trópico
Sou ser, sou nada
Sou anzol
E nesta estrada que me leva
E me dita a direção
Passa carro, passa gente
Passa boi, passa boiada
É tanta cerca que me cerca
E me separa
É tanta tristeza que observo em
Cada rosto em cada cara
Menino franzino, magro e com fome
Homem de idade, curtido e sem força
Com o cabo da foice na mão.