BRILHOS MAL VISTOS

 
O caminho tem
Vozes outras
Iguais as que já vi
Nada entendido
Eu sinto o vento
Passear
Entre as sombras
Sobras que escondem
Os versos de cantos
Assovios
Os acalantos
Que perseguem a vida
Buscam folhas
Galhos
Revolvem a terra
Inventam moradas
P’ra ter ninhos
E o humano passa
Avista perpassa
Nada sente
Contente
Com sua resposta
Ao problema
Que solução
Tem um nome
E as cores conhecidas
Se quer percebe
Semelhança
Apenas se a pena
Fosse o tinteiro
E a carne saborosa
Num braseiro
Lhe dará o sentido
Veja amigo
Que o sabiá canta
Na manhã ainda fria
Mesmo que o sábio
Saiba que o canto
Pode ser a solidão
E o desencanto
Ante a fumaça estrangeira
Que passa ligeira
E deixa um aroma
De boas vindas
Eu sou aquilo
Que se quer sabe
Da vida
Que adorada
Foi ter morada
Num galho
Da casa a muito
Abandonada
Espero não ter
 incomodado...