DOR REAL
DOR REAL
para Marcelo Yuka
O estrondo poderoso
Que eu ouvi
Não era o ronco do trovão
Eram balas de revolver
Vindo em minha direção
Eu que sempre vi
De perto a dor
Meu peito recheado
De amor e crítica
Meus olhos lente aberta
Para a crônica social
Parados momentaneamente
Por tiros de canhão
Disparados anteontem
Pela desigualdade social
Eu que sempre vi
De perto a dor
Parado paralisado
Em estado de choque
Parado paralisado
Com dor e ensangüentado
Ao lado de cacos de vidro quebrado
Momentaneamente calado
Eu que sempre vi
de perto a dor