DOR REAL

DOR REAL

para Marcelo Yuka

O estrondo poderoso

Que eu ouvi

Não era o ronco do trovão

Eram balas de revolver

Vindo em minha direção

Eu que sempre vi

De perto a dor

Meu peito recheado

De amor e crítica

Meus olhos lente aberta

Para a crônica social

Parados momentaneamente

Por tiros de canhão

Disparados anteontem

Pela desigualdade social

Eu que sempre vi

De perto a dor

Parado paralisado

Em estado de choque

Parado paralisado

Com dor e ensangüentado

Ao lado de cacos de vidro quebrado

Momentaneamente calado

Eu que sempre vi

de perto a dor

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 12/09/2005
Código do texto: T49708