QUANDO o SOL NASCER
Impérios desabam nas sombras dos nossos sonhos, baby,
as flores pisadas gritam linguagens
que apenas personagens anônimos nos delírios
compreendem, e calam.
O louco tem a honestidade de acreditar nas histórias de terras prometidas,
mas aqui preferimos a ilusão das negociatas do que encarar a verdade
no cinema das estradas. Caminhos serão com hora marcada
e cartão de ponto. O apocalipse só poderia mesmo ser nosso festival.
E parvos, apaixonados pelo vazio, erguemos orações ao fim.
O fim armado espalha sangue no chão, fotos nas paredes, e os santos
permanecem em cima da mesa lamentando a oitiva que nos comprometeu com o armageddon individual
Há uma luta de classes na automecânica,
Príncipes e Contrabandistas conchavam no banco traseiro do ônibus
venha cá, boneca
tudo está escuro sob as barbas do sol
todas as nações estão loucas sob a festa dolorosa do Dilúvio
todas as pessoas desaparecem atrás da porta descomunal da noite
quando o sol nascer
o desespero vai estar morto
outra humanidade aparecerá
o Oriente: repouso dos andarilhos
o Oriente recebe com pompas de herói
ao navio apinhado de visionários e loucos sem pátria,
sob as barbas do sol o que é novo vive nas sombras
mas nos cabelos do sol uma raça de guerreiros copula com as bruxas
da inquisição.
A Terra foge
a terra acode
mas teu pulso sacode nas direções sinistras - anões devoram
o anjo leguminoso com asas de tesoura.
Cavalos acenourados relincham na boca do meu sexo caído
fúnebre muito fúnebre
réquiem a um corpo de mulher esfumaçando
na floresta eletroacústica
Eu sou o Rei eu sou o Poder e executo povos Eu sou a luz e o carrasco
o Conquistador das terras selvagens
navegando navegando em teus lábios de selva de Atlântida
Vamos, mulher,
sinos de fogo propagam nosso amor
além da inútil santidade do real
assim, nenhuma técnica moderna de comunicação
desvendará a chave esotérica do Poder
assim, pés enroscados no pantanal do sonho ruim,
o desaparecimento é preparado entre gnomos invejosos da mortalidade
e monges descrentes de que ainda há manhã