ONTEM
ONTEM
Jair Martins
Ontem,
Escorreguei para o hoje
Trazendo o frio das paredes sem janelas
Pisei em cacos espalhados
Cravei um cravo na lapela
A brisa morna não soprou meu rosto
Envolveu meus joelhos dobrados
A generosidade do orvalho molhou
Meus beijos pela boca amparados
Ontem,
Meu vale de pedras foi emerso pelas águas dos olhos
Prendi meus passos na profundeza dos meus ais
O vento me perguntou: - Queres voar?
Respondi: - Seu sopro me inclina no cais
Ontem,
Portas se abriram
Avistei frutos maduros
Olhei o despenhadeiro
Fechei os olhos.
Silenciei meus urros
Água Fria, 08 de dezembro de 2012
10h58