Devaneios Guardados que Aguardaram a Chuva
Há muito o dia não era tão chuvoso,
a chuva precipitou de plúmbeas nuvens
e, quando olho através dela é diáfano;
todas as cores escorrem pela enxurrada.
A muito as árvores não bebericavam
com fartura de um deserto em chamas
e, após o sol flores emplumam novas ramas;
todas as flores eram pétalas de cetim.
A muito a poesia não se encharcava,
a chuva exacerbada desfez meus rascunhos
e, a tinta das palavras pintaram sonhos;
as sementes no canteiro logo germinarão.
Há muito tempo atrás eu colhi devaneios,
guardei-os em uma caixinha revestida de veludo
vermelho, e foi o sangue que a chuva fez à terra;
a terra bebeu do próprio sangue e o homem germinou.