Devaneios Guardados que Aguardaram a Chuva

Há muito o dia não era tão chuvoso,

a chuva precipitou de plúmbeas nuvens

e, quando olho através dela é diáfano;

todas as cores escorrem pela enxurrada.

A muito as árvores não bebericavam

com fartura de um deserto em chamas

e, após o sol flores emplumam novas ramas;

todas as flores eram pétalas de cetim.

A muito a poesia não se encharcava,

a chuva exacerbada desfez meus rascunhos

e, a tinta das palavras pintaram sonhos;

as sementes no canteiro logo germinarão.

Há muito tempo atrás eu colhi devaneios,

guardei-os em uma caixinha revestida de veludo

vermelho, e foi o sangue que a chuva fez à terra;

a terra bebeu do próprio sangue e o homem germinou.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 21/09/2014
Código do texto: T4970061
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